Agenda cultural negra não será restrita ao mês de novembro

Atividades de oficinas culturais, construídas mediante propostas que serão feitas por quilombolas e religiosos de matriz africana durante evento, terão continuidade por todo o ano.

Agenda cultural negra não será restrita ao mês de novembro

O número estimado de inscritos no I Encontro de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiro de Alagoasagora passa das 200 para 250 pessoas esperadas no evento. Isto advém dos apoios das secretarias estaduais de Alagoas, que, nesta nova gestão, voltam seus olhares com especial atenção às demandas emergentes da sociedade. Além disso, há o apoio da Prefeitura de União dos Palmares, que oferece importante suporte para a abrangência de envolvidos no encontro.

O I Encontro de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiro de Alagoas ganha cada vez mais a adesão de órgãos e entidades governamentais e não governamentais, a exemplo do Instituto Feminista Jarede Viana, todos comprometidos com as causas sociais.

O encontro acontecerá do dia 14 ao dia 16 de agosto, na Comunidade Quilombola Muquém, em União dos Palmares (AL). Cerca de doze reuniões, até lançar o evento, estavam sendo realizadas, estimando 100 participantes.

Desde que foi lançado, na semana passada, o evento já vislumbrava a alta procura de interessados/as, e passava a estimar duzentos participantes. Até esta segunda-feira (10.08), já foram recebidas mais de 100 fichas de inscrições, em menos de uma semana, algumas enviadas inclusive de comunidades quilombolas da região sudeste do Brasil. Somando-se as inesperadas inscrições aos apoios recebidos, o número esperado de participantes subiu 25% à estimativa.

Alunos/as do curso de Turismo do Instituto Federal de Alagoas, em União dos Palmares, confirmaram presença em turma para aprender mais com os quilombolas e religiosos que têm muito a ensinar a todos no encontro.

Aprendizados e ações contínuas

Durante toda esta semana estarão acontecendo reuniões e encontros, em diversos municípios alagoanos, que visam discutir ações a serem empregadas no tocante ao reconhecimento da pertença cultural negra entre o povo alagoano, dentre o qual estão os quilombolas e os religiosos de matriz africana.

As atividades das oficinas, previstas na programação, objetivam um trabalho de educação contínuo em torno dessa temática da pertença cultural negra. De acordo com uma das articuladoras docentes, Professora Elvira Barretto, da Universidade Federal de Alagoas, “é preciso que haja o apoio de todos na continuidade das ações a serem desenvolvidas para que os olhares voltados a essa pertença cultural negra e todos os cuidados necessários dispensados às comunidades de quilombos e às comunidades religiosas não se limitem somente ao dia vinte de novembro, ao mês da Consciência Negra. É preciso que haja continuidade das ações durante todo o ano e assim, nos voltarmos às necessidades reais do nosso povo, que é, sobretudo alagoano, negro”. Antropólogos/as e outros/as estudiosos/as da temática étnica e cultural negra também estão participando ativamente das reuniões, indicando diversas necessidades aos povos em questão, tanto no âmbito cultural, quanto no âmbito da Saúde e enfrentamentos ao racismo, discriminação e preconceito.

O segundo encontro, após o evento desta semana, está previsto para acontecer entre o final do mês de outubro ao início de novembro. Até lá, vários trabalhos serão desenvolvidos nas comunidades visando a abertura das questões na sociedade de forma mais participativa, um mapeamento das demandas, as soluções no enfrentamento dos problemas levantados, em particular à integração educacional e cultural.

Quilombolas e religiosos/as estarão construindo propostas junto com todos/as para o desenvolvimento das ações. “Queremos ouvi-los e ouvi-las a todos e todas, saber o que eles e elas têm a dizer. Precisamos ouvir suas vozes, nos envolvermos em um trabalho fundamentado nas nossas raízes culturais, para aprendermos com eles e elas e construirmos em conjunto essas ações que irão beneficiar a todo o povo alagoano. É algo que ultrapassa as barreiras de cor quando temos religiosos e religiosas de matriz africana de pele branca que sofrem o mesmo preconceito que é sofrido nas comunidades negras”, complementa professora Elvira Barretto.

As articulações entre as casas religiosas de matriz africana, os terreiros, estão sendo feitas por Mãe Jeane e Pai Jedilson. O coordenador estadual das comunidades quilombolas de Alagoas, Manoel Oliveira, o “Bié”, está realizando o trabalho de articulação política nas comunidades.

Até a quinta-feira (13.08), à noite, ainda serão recebidas as fichas de inscrição. Mas a organização do encontro vem lembrar que as vagas para participar do evento são limitadas, tendo em vista a organização espacial local, que não comporta território suficiente para atender à presença de todos acima do estimado. Para se inscrever, não é necessário pagamento. Basta preencher uma ficha de inscrição e enviá-la por e-mail para [email protected].

 

Confira a programação:

14 de Agosto (sexta-feira)

09h – Credenciamento;

10h – Abertura do evento Xirê e composição da mesa;

10h30 – Roda de conversa: Retrospectiva histórica e sociocultural das comunidades quilombolas e povos tradicionais de terreiro.

Coordenação: Jornalista Valdice Gomes – Presidenta do CONEPIR;

13h – Almoço;

15h – Continuidade da roda de conversa: Retrospectiva histórica e sociocultural das comunidades quilombolas e povos tradicionais de terreiro.

Coordenação: Jornalista Valdice Gomes – Presidenta do CONEPIR.

 

15 de Agosto (sábado)

9h – Roda de conversa Estratégias culturais para a preservação do bem imaterial produzido nas comunidades.

Coordenação: Profa. Dra. Elvira Barreto – UFAL

10h30 – Café;

11h – Debate;

12h – Almoço;

14h – Oficinas de organização para celebração do Mês da Consciência Negra.

Coordenação das oficinas: Prof. Msc. Christiano Barros – COLETIVO AFROCAETÉ

16h40 – Café;

17h – Conclusão dos trabalhos.

 

16 de Agosto (domingo)

10h – Subida à Serra da Barriga para o Xirê – Cortejo em ato de reivindicação à Preservação da Serra da Barriga, bem como o respeito à ancestralidade.

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