Aclamado pela crítica, Tom na Fazenda chegará em Maceió no próximo final de semana

Espetáculo tem despertado no público emoções e reflexões importantes sobre valores, combate à homofobia, respeito, tolerância e empatia.

Janaina Ribeiro

Aclamado pela crítica, Tom na Fazenda chegará em Maceió no próximo final de semana Armando Babaioff e Gustavo Rodrigues durante encenação de 'Tom na Fazenda'. Foto: Victor Pollack / Divulgação

Só quando Tom chega para o funeral do seu namorado, na fazenda de um interior rural, é que ele fica sabendo que a família do rapaz não sabia sobre a homossexualidade da vítima. A partir daí, o protagonista do espetáculo se vê envolvido numa trama violenta, sendo forçado a mentir. Na verdade, mentir, para ele, Tom, passa a ser uma condição de sobrevivência. É que o irmão do seu companheiro, uma figura machista e patriarcal, obriga-o a não contar à mãe sobre a orientação sexual de seu filho falecido, temendo uma grande decepção para a família.

Assim é Tom na Fazenda, peça adaptada do livro “Tom à la Ferme”, do escritor canadense Michel Marc Bouchard. E ele próprio, ao assistir a encenação, confessou ser esta a melhor montagem da sua obra, que foi trazida para o Brasil pelo ator e produtor de audiovisual Armando Babaioff, que interpreta Tom. Ainda no elenco, destaque para as interpretações de Gustavo Rodrigues (o irmão trucelento), Soraya Ravenle (a sogra de Tom), e Camila Nhary (a cunhada de Tom).

E é entre sangue e lamas que Tom e os outros personagens provocam a reflexão do público sobre valores, respeito, empatia, emoções. O Maceió40graus bateu um papo com Babaioff, que tem celebrado o sucesso do espetáculo por onde passa. E, importante frisar, Tom na Fazenda tem só recebido as melhores críticas, inclusive, do segmento cultural francês. Sim, a peça subiu ao palco do Théâtre Paris-Villette, durante o Festival d´Avignon, um dos maiores no segmento teatral do mundo.

Confira, abaixo, como foi a entrevista:

1. Tom na Fazenda está na estrada há seis anos e já foi visto por quase 70 mil pessoas. Como tem sido fazer o mesmo personagem durante esses anos? É sempre um desafio?


É um privilégio. Somente o teatro é capaz de permitir tal exercício, o da repetição, o da verticalidade, o exercício do apuro estético, do estudo do gesto. É de longe o meu personagem mais complexo. O meu melhor exercício. Depois desse personagem me sinto capaz de fazer qualquer coisa. Minha vida se divide em antes e depois dessa peça.

2. A que você atribui o sucesso de público por todo esse tempo?


Não se explica um sucesso, eu ouvi essa frase em algum momento da minha vida, o que podemos fazer é tentar entender o contexto no qual a encenação do Rodrigo Portella está inserida. Não podemos falar da peça sem antes falar de sua trajetória e do contexto no qual estamos inseridos. Começamos a ensaiar em dezembro de 2016 e estreamos em março de 2017, Vimos uma presidente eleita democraticamente ser deposta e a ascensão da extrema direita ao poder. A peça nasceu nesse cenário e isso diz muito sobre a carreira do espetáculo, sobre a intensidade, a potência e a energia que foram depositadas nesse projeto, o projeto dialoga com o momento presente. Tom na Fazenda consegue também absorver muitas questões da nossa sociedade, é também um exercício da violência, questiona o masculino, o patriarcado, o texto, muito bem escrito pelo franco canadense Michel Marc Bouchard coloca dois personagens antagônicos em um embate textual e físico, extremamente vigoroso, como um bom teatro é capaz de fazer. A internacionalização do espetáculo e o reconhecimento nacional e internacional também ajudaram a popularizar o espetáculo no Brasil.

3. O espetáculo já foi para fora do Brasil, passando por países como França e Canadá. Como foi a receptividade da plateia estrangeira?


Em qualquer lugar do mundo Tom na Fazenda será vista em Português com a legenda na língua do país local e eu acho que esse impacto com a sonoridade da língua portuguesa e com a maneira como traduzimos esse texto em nossos corpos o que mais é notado na plateia estrangeira, seja em Montreal ou em Paris. A nossa fisicalidade, a nossa intimidade em cena já quebram a formalidade do que é esperado e isso os inquieta, as sensações que conseguimos provocar chegam até esse público curioso por ver o que vai acontecer num palco nu, sem cenários. Por outro lado a violência da peça os atinge em cheio também, é como sentissem na própria pelo o que acontece em cena, mesmo num texto falado em português. É possível romper essa barreira cultural e é possível emocionar o público estrangeiro.

4. A peça, dentre outras coisas, fala sobre a falta de habilidade que o ser humano tem em lidar com as relações homoafetivas, provocando a reflexão do público, por exemplo, sobre a necessidade do enfrentamento ao preconceito sobre orientação sexual. Que lição isso traz para a sua vida pessoal? É mais fácil ou mais difícil abordar esse tipo de assunto pra você?


Eu acho que a maior reflexão que o público faz nessa peça é a possibilidade de experimentar diferentes tipos de pensamentos e ideias e julgamentos que passam pela própria moral, é o exercício da empatia, da liberdade poética que o teatro e só o teatro pode nos dar. A peça vai para além de um “tema”, ela existe por causa da humanidade desses personagens, que por sua vez também tem a ver com orientação sexual, e que por causa dela, um ato violento homofóbico acontecido no passado determina o momento presente daqueles personagens. A peça também é um exercício sobre a violência, até que ponto conseguimos suportar a dor. Eu acho que ela me pega mais no que diz respeito ao masculino em geral, ao pacto silencioso entre homens, a repetição do padrão, a questionar o patriarcado, inclusive nosso cenário é uma fazenda, não há nada que represente mais o patriarcado no Brasil do que uma fazenda. Abordar assuntos que conversem com o contemporâneo não são sempre óbvios e fáceis de se traduzir em arte, mas quando você tem na própria vida elementos que ajudam a compor e a criar, as coisas ganham atalhos. A lição que aprendi disso? Siga sempre seu coração.

5. Vamos fazer um convite para o público de Maceió? Por que as pessoas devem ir assistir Tom na Fazenda no próximo final de semana?


Para quem ainda não ouviu falar de Tom na Fazenda, trata-se de uma peça que estreou em 2017 – já passamos de 370 apresentações desde então –, baseada na obra Tom à la Ferme, do autor contemporâneo de origem canadense Michel Marc Bouchard, que não hesitou em reconhecer ser essa a melhor montagem de seu próprio texto. Essa peça vai subir no belo palco do histórico Teatro Deodoro como parte da semana de comemoração dos 113 anos do teatro, pela primeira vez em Maceió. Tom na Fazenda, vem trilhando uma carreira internacional, representando o teatro brasileiro no exterior, colecionando boas críticas nos principais veículos franceses incluindo o jornal Le Monde. Sobre a peça? Só no teatro, mas tenho certeza que será no mínimo uma experiência única.

Serviço:

Dias 18 e 19 de novembro

Sábado: 20h | domingo: 19h

Local: Teatro Deodoro

Ingressos: –? https://bileto.sympla.com.br/event/87500?utm_source=site-symplabileto-production&utm_medium=webapp_share&utm_campaign=webapp_share_event_87500


? R$55 (meia entrada)
? R$55 (VIVO Valoriza)
? R$110(inteira)
Duração: 120 minutos
Classificação: 18 anos
Gênero: Drama

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