Marca baiana faz ensaio fotográfico com meninas e lança campanha para doar bonecas pretas

Serão produzidas em torno de 80 a 85 bonecas de pano, artesanais, e bonecos para meninos.

Marca baiana faz ensaio fotográfico com meninas e lança campanha para doar bonecas pretas

Você tem uma boneca preta? A pergunta de uma criança surgiu no meio de uma das ações realizadas pela Dugueto, no bairro Nordeste de Amaralina, em Savaldor (BA), onde a marca de roupa nasceu e se consolidou no mercado como empreendedorismo social. Diante da pergunta, Adriano Soares, proprietário da Dugueto, decidiu lançar uma vaquinha e arrecadar valores para a produção de bonecas pretas, que serão doadas para meninas da periferia da capital baiana em 12 de outubro, Dia das Crianças.

Para reforçar a campanha da representatividade, a Dugueto também realizou um ensaio fotográfico com crianças pretas da comunidade, que esbanjam beleza e sorriso, numa produção de encher os olhos.

“Sempre tento fazer ações para a comunidade. Em uma dessas que realizei, uma criança perguntou se eu tinha uma boneca preta e eu não tinha. Eu já estava procurando para comprar, mas não sabia que as crianças também queriam esse tipo de boneca.Então, eu já comecei a produzir desde esse evento que a gente fez aqui para comprar bonecas pretas e não essas industrializadas, para movimentar o black mami e ter essa representatividade”, conta Adriano, nascido e criado na comunidade.

Com a ação, diz o empreendedor, a Dugueto quer “levar representatividade por meio das bonecas, não só para as crianças, mas para as mães. Muitas quiseram ter contato, ter uma boneca que fosse exatamente igual a elas na infância e não tiveram e que ainda querem e não conseguem achar. É algo que a gente quer propor para a autoestima das crianças, para elas se enxergarem nas bonecas”.

Envolver as meninas no ensaio de fotos e produzir as bonecas é a forma que a Dugueto encontrou para o bem e a autoestima das crianças

Adriano diz ainda que “o mercado entende que bonecas pretas não são o ideal. Muita gente ainda pensa que boneca tem que ser aquela clara, padrão. Algumas fábricas fazem, mas a demanda não acompanha. A produção de bonecas pretas é tão baixa que quando as pessoas procuram sai um preço muito maior. Então, uma mãe não consegue dar um brinquedo de uma boneca preta para sua filha e isso acaba virando uma bola de neve. Muitas mães continuam me procurando e me dizendo que mesmo depois de velhas não conseguem ter acesso a uma boneca preta, por ser caro e por não acharem. Essa é uma forma de achar que sim, que nós podemos fazer por nós mesmos isso que é para o bem e a autoestima das crianças”.

Num texto no instagram, onde mostra o ensaio fotográfico das meninas, a Dugueto destaca “que no ato de brincar a criança fantasia, cria expectativas, se inspira, se espelha, e a partir disso a representatividade pode ser tão significativa a ponto de a criança saber que sua imagem pode sim ser considerada bela, contribuindo para a construção de uma identidade segura. O real espelho”.

Serão produzidas em torno de 80 a 85 bonecas de pano, artesanais, e bonecos para meninos. O preço da produção, segundo Adriano, é elevado, por isso a necessidade da vaquinha, cuja meta era de arrecadar R$ 4 mil e ultrapassou.

Para garantir o máximo de proteção às crianças nesse período de pandemia, as bonecas serão higienizadas e colocadas em sacos plásticos. “Estamos fazendo uma sondagem, para não haver aglomeração e fazermos a distribuição das bonecas nas casas das crianças, aqui na comunidade”, diz Adriano Soares.

As meninas na preparação para desfilar com muita beleza na comunidade Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA)

A marca 

Como conta o fundador, a Dugueto é uma marca periférica de Salvador, na região do complexo do Nordeste de Amaralina.

“A marca foi criada a partir de uma produtora de clips, que se chamava produto do Gueto. Comecei a produzir camisas da produtora e a partir delas fui dando seguimento à marca.

Além do mercado nacional, a Dugueto já atende clientes também em países como Portugal, Alemanha, Índia e Inglaterra. A maior dificuldade, segundo o proprietário, “é o frete. Sai muito caro”

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