Pressão do consumidor amplia espaço das cervejas artesanais alagoanas em bares e restaurantes

Até poucos anos atrás, o alagoano não tinha escolha.

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Pressão do consumidor amplia espaço das cervejas artesanais alagoanas em bares e restaurantes

A depender do acordo de exclusividade entre o bar ou o restaurante e uma das grandes marcas de chope e cerveja do país, restava ao público beber Brahma, Kaiser ou Schin. A expansão do número de rótulos e o avanço das chamadas cervejas artesanais, contudo, vêm mudando o perfil (e a exigência) do consumidor alagoano que já não enxerga com bons olhos os estabelecimentos que limitam a diversidade de rótulos em troca de bonificações das gigantes do setor.

“A tendência em busca da diversidade é irreversível. O cliente hoje em dia não gosta de ouvir não”, diz André Generoso (foto ao lado), à frente do Divina Gula, restaurante no Estado pioneiro na abertura de espaço para as cervejarias locais. “Mantemos, sim, parceria com uma grande distribuidora, mas deixamos claro que não abriríamos mão de vender produtos locais de alta qualidade como as cervejas alagoanas”. Segundo o chef do Divina, a decisão também é boa para o negócio, já que a participação dos rótulos artesanais vem crescendo e já representa cerca de 15% do faturamento da bebida. A pressão do público, claro, tem beneficiado as marcas locais. Esse é o caso da alagoana Hop Bros, cujo aumento na demanda fez com que a fábrica investisse na aquisição de novos equipamentos para dobrar o volume de produção para chegar a 23 mil litros mensais no próximo mês. “Como não temos recursos para disputar com as gigantes multinacionais, essa cobrança espontânea dos fãs da nossa cerveja tem sido fundamental para ampliar nosso mercado”, diz Rodrigo Inojosa (foto abaixo), um dos fundadores da Hop Bros. Rodrigo conta que alguns consumidores chegam a ligar para ele pedindo-o para convencer o dono de um bar ou restaurante a vender rótulos da marca. “Explico que essa decisão cabe ao dono do restaurante mas, claro, ficamos felizes com a cobrança positiva e aproveitamos a oportunidade para entrar em contato com a casa”, diz o cervejeiro. “E o melhor é que cada vez mais proprietários começam a entender que não se trata de favorecer gratuitamente as marcas locais, mas de investir em produtos de qualidade superior reconhecidos inclusive em outros Estados”.

Assim como a Hop Bros, que além de marcar presença no Estado em 90 pontos (como o Divina Gula, Brazeiro e até na rede de hamburguerias The Black Beef) e ampliou sua presença em bares de capitais de Estados vizinhos, como Recife, outras marcas locais estão investindo até mesmo na presença de seus rótulos em bares de mercados mais distantes e disputados, como São Paulo.

É o caso da Caatinga Rocks, fundada pelos irmãos Marcus e Rafael Leal, que no próximo dia 28 de Abril, “Dia Nacional da Caatinga” (criado para sensibilização da importância ambiental do Bioma), colocará o produto à venda pela primeira vez no cardápio do Empório Alto dos Pinheiros, um dos pontos de referência dos amantes de cerveja em São Paulo, com  mais de 400 rótulos no cardápio. “Fiquei, sinceramente, muito bem impressionado com a qualidade da Caatinga Rocks e acredito que o público da casa, que costuma viajar o mundo em busca de rótulos originais, vão apreciar também”, disse a AGENDA A, por telefone, de São Paulo, o proprietário da casa, Paulo Almeida (foto ao lado), que elogiou também a apresentação visual e as referências regionais da marca.

“Quando o público escolhe uma cerveja belga ou inglesa, há toda uma cultura e uma história por trás de cada rótulo, e fico feliz de ver marcas alagoanas apostando na identidade e tradições locais”. Se o dono de uma das casas mais importantes de cerveja do Brasil já descobriu o valor dos rótulos alagoanos, resta saber o que falta para que a maioria dos restaurantes e bares alagoanos siga o bom exemplo.

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