Vera Holtz chega a Maceió com “Ficções”; espetáculo é uma adaptação da obra ‘Sapiens – Uma Breve História da Humanidade’
Com 80 minutos de duração, peça provoca reflexão no público sobre a evolução do homem e a sua capacidade de conviver em coletividade
Janaina Ribeiro - Repórter
Ela é vencedora dos Prêmios Mambembe, Shell, Arte Qualidade Brasil e kikito de Melhor Atriz do Festival de Gramado. Com 49 anos de carreira, Vera Holtz é uma das atrizes brasileiras mais consagradas do teatro, cinema e televisão. Desde 2022, após uma pequena pausa na carreira provocada pela pandemia da Covid-19, a artista voltou aos palcos teatrais com o monólogo Ficções, em que permanece em cena durante 80 minutos. E é com ele que a artista chegará na capital alagoana, neste próximo final de semana (entre os dias 6 e 8), para se apresentar no centenário Teatro Deodoro.
O espetáculo, uma adaptação do livro ‘Sapiens – Uma Breve História da Humanidade’ , do filósofo Yuval Harari, e dirigido por Rodrigo Portella, permite à Vera e ao músico Frederico Pupi, que é seu parceiro em cena, transitar entre a comédia e o drama, fazendo reflexões sobre a evolução do homem e o seu comportamento diante da convivência em coletividade. O Maceió40graus conversou com a atriz, e você pode conferir como foi esse bate-papo:
1. Ficções já soma mais de 200 apresentações, 23 cidades, cerca de 100 mil espectadores. Vera e Federico, a que vocês atribuem o sucesso do público?
Eu acho que nós estamos num momento muito especial no teatro brasileiro, tá? Nós estamos numa onda em que todos os espetáculos estão realmente com o retorno do público, depois de um período longo de pandemia em que nós ficamos praticamente à deriva. Então, agora tem essa retomada do teatro, e nós estamos dentro desse movimento, sem dúvida. Mas, também tem essa questão das pessoas quererem refletir um pouco sobre a condição humana, com certeza. Por duas horas, dentro desse espaço do teatro, que é um espaço do imaginário, falamos sobre a importância de pararmos e pensarmos, de refletirmos um pouco que nós somos uma espécie, que nós fizemos parte de uma série de outras espécies, que pudemos sobreviver e como funciona a nossa extraordinária capacidade de inventar histórias. As pessoas gostam de refletir sobre isso coletivamente, é algo da natureza humana. E elas também gostam de assistir um espetáculo ao vivo, fora da tela. Sem falar no sucesso do livro, que foi um best-seller causador de muitas reflexões. Acredito que as pessoas são atraídas por tudo isso.
2. O espetáculo traz uma dramaturgia original que tem como base o livro ‘Sapiens – Uma Breve História da Humanidade’ , do filósofo Yuval Harari. Como tem sido interpretar essa mistura do que foi criado, no caso a ficção, inspirado no livro? Há sempre uma inquietação em estar em cena?
Bom, pra gente tudo foi uma surpresa com relação a esse espetáculo. Nós fomos convidados para fazer a adaptação do livro do Harari porque ainda hão havia nenhuma versão. Então, desde o início, o nosso sentimento foi mesmo de paixão, ainda que, nem nós, nem o diretor, nem o dramaturgo soubéssemos qual seria o resultado final. Foi realmente uma surpresa para todos nós. Eu fui chamada pela Alessandra Reis, que é a nossa produtora, que sempre quis que fosse uma mulher que relatasse a história do Sapiens. E aí, o diretor também concordou, e eu também topei, mas ninguém sabia o que iria acontecer. Foi mesmo uma grande surpresa no início. E a peça foi uma surpresa quando estreou, e continua sendo uma surpresa. É uma obra divertida, é uma obra que, às vezes, tem improviso, e que também dá margem para falarmos sobre questões filosóficas, científicas, de comportamento do Homo sapiens. É ainda um lugar do jogo, do play, da brincadeira, conseguindo ser divertida e profunda ao mesmo tempo. E, assim, a gente mistura várias linguagens teatrais, passamos por alguns momentos mais dramáticos, depois voltamos para a comédia, e tudo isso com muita música envolvida, proporcionando ao público um espetáculo com várias sensações. Tem até tragédia!
3. Há uma proposta do espetáculo em provocar reflexões no público sobre o sentido do que é a humanidade, como ela evolui e se comporta coletivamente. E vocês têm percebido o retorno da plateia nesse sentido?
Desde o primeiro dia. O retorno foi… É surpreendente. E não vou dizer só da plateia, não. Há o retorno da nossa equipe, e nosso também, porque foi como a construção de uma obra. Por exemplo, o meu work in progress foi sendo construído a medida em que eu estava em cena. O espetáculo foi tomando forma a medida em que a gente estava fazendo a peça. Por isso que ela sempre teve esse elemento surpresa. Foi na primeira temporada que fizemos no Rio de Janeiro que começamos a entender isso. Fomos surpreendidos com o alcance que a obra teve. E fomos a teatros pequenos, que era um desejo na minha vida. E a nossa produtora Alessandra Reis também queria iniciar o processo de trabalho por teatros menores para experimentar a obra. Começamos pelo Rio, e foi uma surpresa o resultado. Depois, fomos a Belo Horizonte, que foi onde o espetáculo começou a criar musculatura. Na sequência, teve Brasília, para onde levamos a peça já com uma maior elasticidade. E aí vieram São Paulo e vários festivais de teatros imensos, e um deles foi o de Curitiba, onde reunimos 2.170 pessoas. Foi só ali que nós entendemos o tamanho que essa obra possuía, que compreendemos que ela tem uma plasticidade gigantesca. Fomos também a Portugal, onde experimentamos o espetáculo num país do velho mundo, num outro lugar de pensamento. E em todos esses locais o retorno foi imediato. E ainda tem uma coisa bacana que acontece sempre após as apresentações, quando nós recebemos o público para tirar fotos, para trocar ideias e receber a percepção da plateia. E confesso que a gente está sempre se surpreendendo com as respostas. De fato, é uma peça que levanta muitas perguntas, muitas questões e que faz as pessoas saírem do teatro conversando sobre as reflexões propostas.
4. Em cena, Vera, você encara vários personagens que abordam temáticas diversas, como noções de estado, religião, economia e comportamento. Você também canta, conversa, provoca o público. Como é fazer tudo isso ao mesmo tempo?
Essa é a melhor coisa que um ator pode desejar. Você ter no espetáculo a oportunidade de desenhar o personagem, de passar por vários gêneros, podendo ir da tragédia à comédia, é ter a chance de ligar e desligar ao mesmo tempo, de sair de um lugar e ir ao outro. Nós somos duas pessoas em cena, eu e o Federico Pupi, que é o instrumentista e o diretor musical. Então, temos esse diálogo permanente entre a música e a palavra, temos essa dinâmica de funcionar ator/instrumento/ator/outras personagens, e isso é uma delícia. E, a cada lugar, a gente faz um espetáculo novo, sente uma vibração diferente, reverbera de forma diversa e recebe toda essa energia de volta do público. É ele que nos contamina em cena, que nos faz decidir se haverá mais tragédia, mais drama, mais comédia. É ele que realmente influencia nas nossas dinâmicas.
5. Para 2024 sabemos que a agenda de ficções já está lotada. E para 2025, quais são os planos?
Então, 2024 está sendo um ano bem cheio, e temos datas até o final de dezembro e, para o ano que vem, a gente já tem muitas coisas desenhadas. Nossos produtores estão planejando todo o primeiro semestre. E temos a ideia de voltar em várias cidades que já fomos, porque um fenômeno que tem acontecido muito nessa peça é o de as pessoas voltarem a assisti-la mais de uma vez, o que nos mostra que há espaço para retornarmos a várias cidades para novas temporadas. Quem ainda não assistiu, vai poder ver pela primeira vez e, aquelas pessoas que já assistiram, terão novamente a chance de ver mais uma vez. Portanto, para 2025, o plano é continuar a rodar pelo Brasil.
6. Será a primeira vez do espetáculo em Maceió. Vamos convidar o público alagoano para ir ao teatro?
Eu nunca estive em Maceió! Gente, aqui quem está falando é Vera Holtz, e eu queria convidar todos vocês para assistirem a peça Ficções, nos dias 6 e 7, às 20h, e no dia 8, às 18 horas, no Teatro Deodoro.
SERVIÇO:
FICÇÕES – com Vera Holtz
Local: Teatro Deodoro – Centro de Maceió
Data: 6 e 7/09 – 20h (abertura da casa às 19h)
8 /09 – às 18h (abertura da casa às 17h)
Classificação indicativa |12 anos
Duração | 80min
Ingressos:
Plateia: : R$ 70,00 (meia-entrada) e R$ 140,00 (inteira) inteira
Frisa e camarote: R$ 60,00 (meia-entrada) e R$ 120,00 (inteira)
Balcão (preço popular): R$ 21,00 (meia-entrada) e R$ 42,00 (inteira)
Ponto de vendas:
Viva Alagoas – Maceió Shopping
Barão 486 • Cantão – Nº 836 – Lj 01. Jatiúca
Tiqueteira: www.ingressodigital.com
Observações:
Direito a meia-entrada: estudantes, professores, maiores de 60 anos e pessoas com deficiência.
Ponto de vendas:
Viva Alagoas – Maceió Shopping
Barão 486 • Cantão – Nº 836 – Lj 01. Jatiúca